Granito e suas curiosidades
12 de dezembro de 2018Uso econômico das rochas
22 de julho de 2019A história do mármore remonta aos tempos pré-históricos, quando foi utilizada para a confecção de utensílios domésticos, armas para caça, guerra e como objetos sacros.
Posteriormente, por volta de 8.000 a.C., registra-se o seu uso como elemento construtivo nas edificações de habitações e de defesa da cidade, que surgia então como unidade política e social.
Os primeiros registros de utilização da rocha como elemento estético e ornamental datam, entretanto, do terceiro milênio antes de Cristo, na região da Mesopotâmia e no Egito (foto 1), onde eram utilizados basicamente dois tipos de materiais para perpetuar as figuras dos faraós, deuses e outras personalidades importantes na forma de grandes esculturas.
Pirâmides de Gizé – Estima-se que as pirâmides contem com aproximadamente 2,3 milhões de blocos de pedra, que pesavam entre 2 a 30 toneladas. Alguns dos blocos de pedra utilizados nas Pirâmides de Gizé podem, no entanto, pesar mais de 50 toneladas.
Uma rocha calcária de grão muito fina, esculpida em ricos detalhes e pintada com cores vivas, e também rochas lustráveis, muito duras, como granito vermelho e quartzitos preto ou rosa, que eram esculpidos e polidos. Ainda na sua utilização para grandes esculturas, teve importância a percepção de algumas propriedades de cor e textura do mármore, permitindo que figuras humanas fossem esculpidas com coloração semelhante à da pele. Coincidentemente, essa descoberta se deu durante a predominância da cultura naturalista da Grécia antiga (foto 2) e teve como resultado a grande produção artística e arquitetônica durante o período clássico da cultura grega.
Acrópole – Atenas
A história do Mármore
Foram também os gregos que levaram o uso do mármore para o domínio público, seja em escultura ou em arquitetura. Por outro lado, deve-se aos romanos a sua aplicação em construções privadas, como símbolo de status e
riqueza de seu proprietário.
Na antiguidade mais remota, o uso das rochas ornamentais foi bastante restrito, principalmente por causa do sistema de propriedade das minas e das técnicas disponíveis. No antigo Egito, as minas ou jazidas eram de propriedade dos faraós. Na Grécia clássica, pertenciam às cidades-estado. Em Roma também pertenciam ao Estado, já no Império Bizantino eram propriedades do tesouro do imperador. Cada um desses proprietários de jazidas possuía também seus próprios técnicos especializados na extração e no beneficiamento primário da rocha. Tais serviços eram realizados por grandes contingentes de escravos, com uso de técnicas e ferramentas muito rudimentares.
A regulamentação do uso do subsolo como propriedade de interesse público somente veio a aparecer no período medieval e foi realmente mais difundida já na idade moderna. O sistema de concessão do direito de lavra para a iniciativa privada, no entanto, já se fazia observar desde o medievo. Isto permitiu o surgimento, no final do período, de uma tradição técnico-profissional na extração e no beneficiamento de rochas ornamentais que, de uma forma ou de outra, sobrevive até os dias de hoje. Ao mesmo tempo, as construções de grandes catedrais, de edifícios públicos e dos palácios da nobreza nas mais importantes cidades italianas deram grande impulso ao uso do mármore como material nobre, tanto na arquitetura quanto na arte.
Todavia, foi no auge do Renascimento que novos materiais, com colorido diversificado, proporcionaram um verdadeiro rompimento entre o mundo antigo e o novo no que diz respeito ao uso de rochas ornamentais. Entre os séculos XVI e XVII, muitos governos europeus receberam uma grande quantidade de requerimentos de concessão de lavra de mármore de colorações diferentes, a maioria em novas províncias minerais com potencialidade de produção duvidosa.
Estes materiais começam então a aparecer em policromias embutidas na arquitetura da época, sobretudo na arquitetura barroca. Tal surto de preferência pelas rochas de coloração mais exótica começa a enfraquecer na segunda metade do século XVIII, quando o estilo arquitetônico neoclássico redescobre o uso do mármore branco.
Basílica de São Pedro – Utilização de Pedra Calcária
Com o advento da arquitetura colonial como um ramo do neoclássico, o uso do mármore branco se difundiu intensamente na região mediterrânea e também na América do Norte, que declarara há pouco sua independência, surgindo no cenário mundial como uma terra rica e promissora.
No século XIX, o consumo de mármore aumentou significativamente, mas tal incremento não resultou na utilização qualitativa do material. De modo geral, a ampliação do emprego do mármore esteve relacionada com sua intensa utilização na construção de habitações suburbanas para a classe média que se consolidava.
Beneficiamento do Mármore
Até o final do século XIX, início do século XX, quando se introduz a mecanização na extração e no beneficiamento do mármore, através do uso do fio helicoidal na extração e, em seguida, do tear, no desdobramento do bloco em chapas, o uso do mármore na arquitetura permanecia mais intenso na parte estrutural do que como elemento ornamental.
Tear Multilâmina – Cimef Máquinas
Com o aparecimento de novas formas de energia para o acionamento de mecanismos industriais, foi possível desenvolver o tear multi-lâmina. Assim, com uma nova força motriz, tornou-se possível impor maior potência aos equipamentos para transpor os esforços exigidos no corte simultâneo de várias chapas de um mesmo bloco.
Além disso, os avanços da siderurgia, da metalurgia e da indústria de construção de máquinas possibilitaram a gradual substituição da madeira pelo ferro e aço na estrutura dos teares, proporcionando-lhes mais robustez, durabilidade e precisão no corte. Isso também permitiu, ainda que precariamente e em escala quase insignificante, o corte de rochas mais duras, como alguns granitos.
Após as mudanças radicais ocorridas nos anos cinquenta do século passado, com o surgimento do tear com lâminas incrustadas de segmentos de diamantes e a introdução do uso de granalha de ferro fundido ou de aço como elemento abrasivo, em substituição à areia, os processos de corte vão se tornando específicos para cada tipo de rocha, dividindo-se principalmente entre rochas de origem carbonática – de menor dureza, como os mármores e travertinos – e rochas de natureza silicática, com maior dureza, como os granitos e quartzitos.
Ao contrário do corte do mármore, a evolução do corte do granito não passou, inicialmente, por um ponto de ruptura ou pela introdução de uma inovação tecnológica tão importante como foi para o mármore o uso das lâminas diamantadas. A serragem do granito iniciou-se nas mesmas máquinas desenhadas para a serragem do mármore. Mas, desde a “especialização” dos processos, ocorrida na mesma década de 1950, o desenvolvimento do processo de serragem de granito tem transcorrido de forma contínua, em virtude de aperfeiçoamentos e melhorias nas máquinas, equipamentos, acessórios, ferramentas e insumos utilizados.
No presente ciclo, o paradigma tecnológico reside no emprego do diamante como elemento abrasivo, aplicado a diversos processos do ciclo de aproveitamento econômico das rochas, tanto na extração quanto no beneficiamento.
No atual momento os teares multifios para granitos, operam uma nova “ruptura”, pois alteram todo o processo de beneficiamento primário, incluindo o tratamento dos resíduos, além de possibilitar a mudança de todo o formato das
próprias unidades industriais.
Tear Multifios – Ventowag
Além do corte com teares, que é a tecnologia mais difundida, existem outras tecnologias de corte de blocos de rochas ornamentais. Na sua quase totalidade fazem uso de ferramentas diamantadas. As mais conhecidas são os talha-blocos a discos diamantados, aplicáveis tanto ao corte de mármores como do granito, apenas com especificações construtivas mais robustas quando para o uso no granito.
Um aspecto bastante importante e estreitamente relacionado à evolução dos processos de corte refere-se ao desenvolvimento dos processos de polimento de mármores e similares. Estes têm início na década de 1930, com o uso de areia e posteriormente carborundum. Até o final dos anos 1960, a técnica de polimento e lustre de rochas ornamentais pouco evoluiu. As evoluções ocorreram, basicamente, na forma de acionamento e na construção das politrizes manuais com um grande prato giratório, responsável pelo movimento e pelo contato do elemento abrasivo com o material polido.
No final dos anos 1960 e início da década seguinte, surgiu a politriz de esteira para mármore, destinada ao polimento de ladrilhos, ou produtos já cortados, em dimensões menores que as chapas originárias do corte com tear. Da mesma forma, como quase toda a tecnologia para o desdobramento do granito, também o processo de polimento deste material se originou da técnica aplicada para o polimento do mármore.
Em seguida, vieram as máquinas de ponte, constituídas de um conjunto moto-redutor que aciona um cabeçote de polimento, suportado por uma ponte que se desloca sobre trilhos, obtendo-se assim, uma variedade de movimentos simultâneos sobre a superfície a ser polida, semelhante ao aplicado pelo operador da politriz manual e ainda podendo imprimir uma pressão de trabalho uniforme, constante e elevada.
A grande inovação, de fato, neste campo apareceu no final da década de 1970, com o surgimento da máquina politriz multicabeças de esteira para granito, baseada no modelo para mármore. A ideia, criativa e inovadora, foi simplesmente aumentar o número de cabeçotes de polimento e diminuir a pressão de trabalho em cada um deles, garantindo, assim, que a chapa não se quebrasse durante a operação.
Politriz Multicabeças -Metafill
Nesse desenvolvimento a evolução da informática desempenhou papel relevante, com o surgimento de softwares específicos para os controles operacionais dos equipamentos. Ao lado das inovações dos equipamentos e das máquinas utilizadas, também ocorre um grande avanço no desenvolvimento de abrasivos sintéticos de resina, com maior poder de abrasão e, posteriormente, nos anos 90, a disseminação daqueles à base de diamante industrial.
Ainda no início dos anos 1990, ocorreu uma grande “revolução” no setor das rochas com a possibilidade de aplicação das resinas de poliéster e, sobretudo, as de base epóxi. A aplicação destas resinas durante o processo de polimento alterou bastante a base de aproveitamento das rochas ornamentais, pois permitiu a extração de uma gama enorme de granitos e mármores que antes não teriam possibilidade de beneficiamento, ampliando a possibilidade da utilização de materiais considerados exóticos e super exóticos.
Com informações, Manual de Rochas